Bueno aires… Esta evocação te encanta quando os teus lábios pronunciam esta palavra. Da pampa até a sedutora Argentina que dança o Tango, a tua imaginação nāo tem limites. É no meio destes cheiros, gritos e medos que a Maison Rouge te acompanham.
Quando entras na exposição perdes as tuas marcas espácio-temporais e nāo sabes como olhar tudo o que tens a ver. E por causa, sāo quatros geração d’artistas, conhecidos ou emergentes, trabalhando sobre quatros suportes múltiplos que descobres: da pintura até a escultura passando por a fotografia ou o video…
Passeias entre fachadas andaimes e observas uma escultura sem rosto ou tentas entrar num apartamento que te deixa sem voz. Nāo estas numa fundação mas numa real habitação que sofreu de uma catástrofe antes de ser reconstruídas tanto bem como mal. Entre fascinação e desconforto, os teus olhos param sobre vidros frescamente colados. um canapé arrombado, uma mesa partida em dois. A surpresa ? O perfume poste-apocalíptico que embalse a peça.
Tendendo a orelha, ouves uma voz suave e deixaste levar antes de te encontrar sentado numa pequena sala de cinema para escutar a Silvia Mónica evocando com doçura num ar de tango popular o horror de um articulo sobre a prostituiçāo infantil. Esta ultima transexual militante sempre sonhou de ser cantora e se livre a uma prestaçāo tocante que te deixa sem voz.
O fim dessa viagem de sentidos, fizeste-te uma imagem bem diferente do Buenos Aires do teu imaginário. A traves de inumeráveis criaçōes que te contem historias todas diferentes. A violência, o medo, os anos de ditadura sāo espalhados nessas peças monumentais ou minimalistas, como uma tentativa dos artistas de curar a cidade a maneira deles.